Nos assentamentos da fronteira oeste nos quais estão sendo desenvolvidas ações do Projeto Pampa, 2018 foi um ano de ampliação de implantação e difusão de diferentes tecnologias sociais vinculadas à proposta de produção agroecológica. A primeira a ser instalada, no Assentamento Jaguari Grande, em São Francisco de Assis, foi um biodigestor, no lote do agricultor Luiz Scheffer. A experiência trouxe resultados muito positivos e, em pouco tempo, diversas pessoas da comunidade e também de outros assentamentos passaram a se interessar pela tecnologia que, ao fazer o tratamento de dejetos animais, gera gás para consumo doméstico e biofertilizante líquido, que pode ser aplicado nos cultivos e lavouras. Esse modelo de biodigestor foi também construído nos lotes da agricultora Marisa Carpes Terra, no mesmo assentamento, dos agricultores Jeferson B. da Silva e Tatiane O. Severo, no Assentamento Novo Alegrete, em Alegrete, da agricultora Salete e do agricultor Lionel De Bortoli, e da família Jahn, no Assentamento Santa Maria do Ibicuí, em Manoel Viana.
Outras duas tecnologias de tratamento de águas residuárias, implementadas com a assessoria da organização Amigos da Terra Brasil, foram a fossa ecológica biodigestora e o leito de evapotranspiração, também nos lotes de Marisa, no Jaguari Grande, e da família Jahn e no espaço da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, no Santa Maria do Ibicuí. Com a assessoria de equipe da Diaconia Recife, foi construída também uma cisterna para armazenamento de água da chuva no lote da família Jahn. Os sistemas de armazenamento e tratamento das águas nas propriedades são igualmente interligados a sistemas produtivos, como hortas e estufas e a criação de animais, formando um ciclo fechado de ciclagem de nutrientes.
Ainda em relação a tecnologias de manejo da água, no Assentamento Unidos pela Terra, em Alegrete, no lote em que vivem a agricultora Marilena de Godoi, juntamente com o filho, Alex de Godoi Silveira, além de uma cisterna, foi desenvolvido também um trabalho de proteção e recuperação de uma fonte de água, com instalação de um carneiro hidráulico, para bombeamento da água da fonte até a cisterna de armazenamento. Marilena e o filho, que têm no leite uma importante atividade produtiva, moram há nove anos no assentamento e sempre tiveram muitas dificuldades de acesso à água, tendo que buscá-la em galões, a longas distâncias, em lotes vizinhos. A cisterna e a fonte protegida, com o sistema de carneiro hidráulico, irão agora fornecer o abastecimento de água – um elemento fundamental não só para a produção do leite, mas para a melhoria nas condições de vida da família.