Estreitar laços de convivência, criar redes, dialogando sobre justiça de gênero: esses foram pontos principais do trabalho desenvolvido com grupos de mulheres de seis comunidades que participam das ações do Projeto Pampa na região da fronteira oeste do RS. Durante o segundo semestre de 2018, grupos de assentamentos de Manoel Viana, São Francisco de Assis, Alegrete e de assentamento e comunidade quilombola de Rosário do Sul reuniram-se ao longo de três encontros, em cada uma das localidades.
A partir de um primeiro momento, que envolveu mutirões para a construção de estufas de túnel alto pelos próprios coletivos de mulheres, temas como mulheres e agroecologia, identidade de gênero, violência contra a mulher perpassaram cada um dos três encontros. Junto a isso, foi trabalhado também com a proposta da Caderneta Agroecológica, instrumento que permite às mulheres fazerem um acompanhamento de quanto a sua produção, nos diferentes espaços do lote, contribui para a renda familiar – algo que geralmente é invisibilizado, uma vez que aquilo que é produzido/elaborado por meio o trabalho das mulheres, como a produção na horta, a lida com pequenos animais, o trabalho doméstico, o artesanato, nem sempre é visto como importante ou valorizado. No entanto, são atividades fundamentais para a manutenção das famílias, especialmente no que se refere à soberania e segurança alimentar.
O trabalho com os grupos demonstrou ser um espaço importante para fortalecimento das relações entre as mulheres das comunidades. Muitas relataram não se conhecer antes de participarem dos grupos, mesmo que fossem vizinhas. No contexto da realidade rural, em que muitas vezes as vizinhanças estão mais afastadas e muitas mulheres ficam em uma situação de isolamento, a promoção desses encontros significou um primeiro espaço para diálogos, trocas, apoio mútuo e estreitamento de relações entre mulheres das comunidades, algo fundamental também para o fortalecimento no enfretamento a situações de violência.
